Crítica A Vida num Sopro Jornal de Letras joserodriguessantos Março 14, 2023

Crítica A Vida num Sopro Jornal de Letras

Jornal de Letras

Portugal

A Vida num Sopro é um hino persistente e perverso à narrativa. O destino toma conta da história e leva as personagens a um beco sem saída. Mesmo quando o trágico clímax do romance parece estar quase a terminar, surgem novas circunstâncias que complicam ainda mais o enredo e levam os acontecimentos a um desequilíbrio insustentável. Tal como Thomas Mann. (…) As personagens tornam-se vivas, vemo-las, elas sentem, elas lutam; é como se fossem personagens de uma tragédia grega. (…) As contradições, a angústia, o drama, a repetição do eterno dilema de Antígona, perdido algures entre as leis da escrita e as leis do coração, as pretensões e os caminhos elusivos para a verdade. Uma tragédia é sempre feita com estes ingredientes; eles são a matéria-prima da vida.

Nós, os leitores, somos levados a partilhar com a personagem principal do romance, Luís, uma escolha dramática. Somos cúmplices do que nos torna indiferentes. E qual é o regresso à narrativa, senão a descoberta, através da história, das respostas aos grandes enigmas, ao núcleo essencial da nossa própria humanidade? O tema central deste livro está relacionado com tudo isto, e por isso vai desde a serenidade de um amor juvenil até à terrível convergência da mentira, da perversão e da desgraça”.