Crítica O Mágico de Auschwitz e O Manuscrito de Birkenau Madalena Barata joserodriguessantos Março 14, 2023

Crítica O Mágico de Auschwitz e O Manuscrito de Birkenau Madalena Barata

Madalena Barata, vice-presidente da Associação Luso-Portuguesa para Israel

Associação Luso-Portuguesa para Israel

“Parece que a ficção encontrou um novo tema: O Holocausto. Eu, como muitas pessoas, e mesmo o autor, como veremos, senti alguma relutância em ver este assunto tratado num romance. A ficção exige liberdade de imaginação, mas neste caso, exige um respeito por factos inimagináveis.

Em O Mágico de Auschwitz acedemos à base da doutrina nazi. Tal como Hannah Arendt, José Rodrigues dos Santos tenta encontrar uma explicação para a prática absurda e trágica do mal levada a cabo pelo povo comum, mas sem os desculpar.

Em O Manuscrito de Birkenau, enfrentamos a vida quotidiana num campo de morte: morte à espreita em cada momento, fome, frio, lama. Estas são páginas de sofrimento sem lágrimas nas quais lemos o absurdo do extermínio dos judeus. Aconselho os leitores a começar pela Nota Final de O Manuscrito de Birkenau, onde o autor utiliza informação certificada para mostrar que os membros do Sonderkommando são pessoas reais, e não fictícias. A razão pela qual conseguiram resistir às suas experiências até ao limite, foi porque esperavam partilhar o que tinham visto, e nomear aqueles que morreram.

Estes dois romances conseguem o que Kafka exigia da literatura: “Só devemos ler livros que nos incomodem”. Antes de ler estes romances, para mim José Rodrigues dos Santos era um jornalista que escrevia livros. De agora em diante é um escritor que é também jornalista”.